DIRCE RIGHETTI
DIRCE RIGHETTI, hoje com 89 anos, foi a primeira radialista de Maringá, e começou a fazer locução despretensiosamente, ainda muito jovem.
Tudo começou na década de 1950, quando um amigo da família, que trabalhava como locutor, foi até a casa de Dirce para pedir autorização ao pai da moça para que ela trabalhasse no parque de diversões da cidade, única atração e ponto de encontro dos moradores, especialmente aos finais de semana.
No local, havia uma estrutura com microfone para avisos e, claro, para que os rapazes pudessem enviar recadinhos e músicas para as pretendentes.
Autorizada pelo pai, Dirce aceitou o desafio, mesmo sem nunca ter tido nenhuma experiência como locutora.
Eis que ela se saiu tão bem que o amigo de seu pai, impressionado com a performance e a voz de Dirce pelos alto-falantes, a convidou para fazer um teste na emissora onde trabalhava. Deu certo.
Dirce Righetti começou a fazer locução na Rádio Cultura em 1952, com apenas 19 anos de idade.
A pioneira conta que não havia um ano que a Rádio Cultura estava no ar, e funcionava na Avenida Brasil, em uma casa simples e muito antiga, feita de madeira. Segundo ela, havia ainda duas outras mulheres na rádio, estas em funções operacionais, o que também era incomum naquela época.
No início, Dirce apresentava um programa social, com música, prestação de serviço e recados aos ouvintes aniversariantes, mas chegou a apresentar até um programa infantil com auditório e plateia. No tempo que experimentou a vida de comunicadora na Rádio Cultura de Maringá, viu artistas já consagrados naquele tempo, como Mazzaropi, e as primeiras apresentações das então desconhecidas Irmãs Galvão, que logo depois estouraram nas rádios pelo Brasil. Durante três anos, dedicou-se ao ofício de locutora, até casar-se e trocar Maringá por São Paulo.
Após 13 anos, separou-se, e hoje vive novamente em Maringá, onde nos contou muitas histórias sobre a aventura de ser pioneira, não somente como comunicadora, mas também ao tomar decisões desafiadoras para as mulheres de sua geração, como o divórcio, e o ingresso em uma faculdade de direito, concluindo o curso com 52 anos de idade.
Dirce é uma das muitas Vozes Pioneiras que estarão no roteiro do documentário que pretende resgatar e valorizar a influência e o papel das mulheres na história do Rádio Paranaense.